Cinema em sala de aula

Como descrito na apresentação deste produto, o objetivo aqui é contribuir para a prática docente na EPT, especificamente no compartilhamento de conhecimentos que auxiliem a qualificar a utilização de filmes como recurso didático neste contexto educacional, para além de um uso instrumental.

Através dos conteúdos publicados aqui, procuramos colaborar com uma capacitação que possibilite uma abordagem das obras para além de sua relação mais direta com os temas abordados nas disciplinas curriculares. Para isso, apresentamos, de forma introdutória, conceitos que possibilitem a você docente incorporar no seu trabalho com filmes em sala de aula, discussões sobre linguagem cinematográfica, formas de representações, contextos de produção e relações das obras com a totalidade social.

Também como já afirmado, essa capacitação visa não somente uma qualificação da prática docente, mas também um processo pessoal de letramento audiovisual para a vivência em uma sociedade altamente mediada por telas. Por consequência, espera-se que esse letramento também alcance os estudantes através das suas aulas!

Mais do que nunca, na nossa “sociedade das telas” as imagens audiovisuais fazem parte dos processos de subjetivação e compreensão da realidade. Nesse contexto, entre uma diversidade de novas mídias, o Cinema (e podemos pensar de forma mais ampliada, no caso dos streamings, também as Séries) ainda se apresenta como um dos veículos mais importantes da formação cultural, da conformação de ideias, de modos de vida e de sociedade. Por isso, é imperativo uma melhor compreensão da linguagem audiovisual para um posicionamento crítico no mundo contemporâneo.

Não é necessário saber os códigos da sua linguagem para aprender com o Cinema, mas o conhecimento intensifica a experiência, sobretudo na direção do pensamento crítico. No cenário cotidiano de fetichização das imagens e de superexposição aos produtos da Indústria Cultural, não ter essa perspectiva pode incorrer no risco da semiformação, como definida por Adorno: “onipotência do espírito alienado”.

Nesse sentido, muito se advoga que o movimento de incluir o Cinema na escola deveria estar atrelado também à escolha de bons filmes para essa tarefa. Com certeza não existe categoria objetiva para definir o que seriam bons filmes. No entanto, é certo que esse pensamento dialoga com a noção de filmes que tenham a oferecer no sentido do conteúdo ou da forma, da linguagem e da estética, algo a mais do que o simples entretenimento da Indústria Cultural.

Escolher filmes por esse viés com certeza contribui para a ampliação de uma cultura cinematográfica para os estudantes. Porém, mesmo obras consideradas parte do mainstream e de um cinema tipicamente comercial também podem gerar discussões formativas. Tudo depende do tipo de abordagem. Uma que preze pelo letramento audiovisual e educação midiática, pode ampliar esse momento formativo para superar a semiformação. Assim, se amplia a capacidade dos estudantes de fazer interpretações de forma fundamentada e sistemática, contribuindo para novas formas de ver o mundo por meio de imagens e sons.

Guia para uso não instrumental de filmes

Apresentaremos a seguir dicas que podem ajudar a direcionar o planejamento de aulas com uso de filmes, dentro de uma perspectiva não instrumental que contribua com o letramento audiovisual dos estudantes. Sempre respeitando a autonomia didática, não pretendemos aqui dar fórmulas ou dizer o que você deve fazer. O que vamos apresentar são sugestões de como você pode trabalhar as obras cinematográficas na perspectiva da educação midiática.

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Se você vai utilizar um filme que ainda não viu, mas que pretende usar, a dica inicial é aproveitar o primeiro contato com a obra, a fruição, a experiência estética. Claro, como você já tem uma intenção, vai acabar observando pontos em que o filme pode contribuir para a sua aula. Porém, não se preocupe em fazer anotações. Desfrute do momento!

Pode ser também que, após estudar os conteúdos aqui, alguns elementos já comecem a se destacar mais para você. No entanto, não se preocupe em forçar sua atenção para perceber as questões relativas à linguagem, por exemplo. Deixe que essa relação com a obra se construa naturalmente. Além disso, não esqueça que a percepção mais apurada depende de um processo de formação desse olhar.

Lembre-se que os conteúdos aqui são introdutórios!

Para essa formação evoluir é sempre necessário continuar estudando. Além disso, essa educação do olhar precisa de exercício. O costume de ver mais filmes, aliado aos estudos, faz com que o processo fique mais orgânico com o tempo.

Você provavelmente não conseguirá fazer abordagens tão amplas das obras nas primeiras tentativas. Por isso, o mais importante para a evolução dessas abordagens é manter, dentro do possível, a inclusão da reflexão sobre os aspectos fílmicos como uma constante na sua prática quando usar cinema como recurso didático.